De acordo com Matuk, alguns autores defendem que estamos passando pela quarta revolução do pensamento: o homem não é mais o único criador, a máquina também desempenha esse papel. As três revoluções anteriores foram as protagonizadas por Copérnico, Darwin e Freud. O professor frisou, no entanto, que essa realidade não pode ser encarada como uma forma de competição, mas como uma expansão na produção de conhecimento.
Segundo ele, o autor agora é híbrido. A meta-autoria é a solução para uma época em que todos os textos parecem já ter sido escritos. No lugar de produzir enunciados, o autor vai criar um sistema para fazê-los, podendo utilizar textos de outras pessoas. “O computador pode operar mimeticamente, copiando a nossa forma de escrever, ou criando novas palavras e ordenações", alegou Matuk. O professor chamou esse segundo modo de "desescritura" e afirmou que, ao alterar a estrutura da língua, ela permite que a mente humana seja estimulada.
"A escrita não é mais aquele ato isolado, é cooperativa." Matuk citou como exemplo o site Wikipedia, que permite que um usuário coloque textos e outros o modifiquem. Porém, esse novo modo de produção suscita a questão dos direitos autorais. O professor defendeu que esses direitos já não representam mais a proteção do autor, mas uma limitação do conteúdo que deveria estar disponível para todos. "O valor deveria ser dado à informação que gera movimentação intelectual", disse. Contudo, Matuk admitiu que a questão de como manter financeiramente o escritor ainda não é totalmente respondida.
No evento, o professor também atentou para a luta política que envolverá esse novo modo de usar a informação. "Haverá uma luta pelas ferramentas para estabelecer o pensamento híbrido, uma luta política." Matuk defendeu a luta por um software livre e mostrou dois desenhos seus que seriam símbolos para designar a informação liberada, mas que não foram consagrados pela legislação.