quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Funk: entre a dança e o fuzil

O baile funk foi para a berlinda nesse segundo dia da XXXI Jornada de Iniciação Científica da UFRJ. Os alunos Pedro Gusmão, Ana Carolina Pinto da Gama e Fernanda Rimes confrontaram os bailes comerciais – onde a entrada é paga – e os realizados em comunidades, argumentando que esses dois são espaços simbólicos que traduzem a relação do funk com os freqüentadores e com o ambiente onde acontecem. O grupo se mostrou surpreso com a descoberta de que as festas comerciais não são mais recatadas que as outras, a popularidade da pornografia nas letras das músicas e o modo de dançar são os mesmos.


O público dos bailes comerciais tende a ser mais diversificado, incluindo pessoas de classe média. Contudo, os hábitos não são muito diferentes: a dança, a valorização do corpo e a preferência por músicas originais, repletas de palavrões e pornografia, predominam. O grupo destacou que, ao contrário do que era esperado, o flerte é mais explícito nas festas comerciais, e levantou a hipótese de que isso ocorre porque, nas de comunidades, as pessoas já se conhecem.


O uso de drogas, questão sempre levantada quando se fala de favela, é feito, na maioria das vezes, livremente nos bailes sediados em comunidades. Já nos comerciais, que contam com vários seguranças profissionais, essa prática é velada, mas também ocorre. Segundo Gusmão, “nos bailes de comunidades, o fuzil entra no lugar da segurança”, ou seja, são os traficantes que controlam o lugar.



Os bailes funk comerciais contam com mais estrutura – banheiros, camarotes, etc. – do que os de comunidades. Estes são mais informais, não tem um local específico para acontecer, e mobilizam os vizinhos, que montam suas barracas ao redor para vender comida e cerveja. Além disso, segundo o grupo, igrejas também aproveitam a situação para distribuir panfletos e anexar cartazes com as suas diretrizes.

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