domingo, 27 de setembro de 2009

Correspondente da Reuters na ECO

O excesso de jornalistas cobrindo os conflitos do Oriente Médio foi um dos temas explorados por Dan Williams durante sua palestra na Escola de Comunicação da UFRJ nesta quarta, 23. Partindo da máxima “if it bleeds, it leads”, o correspondente da Reuters em Jerusalém ressaltou a tendência jornalística de dar mais atenção à locais onde há guerra e sangue. Williams alertou ainda para o uso de reportagens como propaganda política e afirmou que as agências de notícias não estão sofrendo com a crise dos jornais.

O elevado número de jornalistas no Oriente Médio contribui para o excesso de atenção sobre a região, declarou o correspondente. Contudo, a cobertura dos conflitos não é livre, está submetida às estratégias dos países em foco. Israel, ao contrário da Palestina, permite fluxo livre de jornalistas por seu território, censurando apenas questões como armas nucleares, e conseguindo maior visibilidade nos noticiários internacionais. Dan Williams afirmou ser tudo uma questão de interesses, inclusive a paz, que, na sua percepção, não é almejada pelos líderes no momento.


Dan Williams destacou como propaganda política o fato dos correspondentes americanos mandados para áreas de conflito receberem treinamento e roupas militares, além de conviverem diretamente com soldados da base aliada aos EUA. De acordo com o correspondente, tais jornalistas se sentem tão ameaçado quanto os militares à sua volta e deixam transparecer seu favoritismo em seu texto.

As crises financeiras que assolam muitos jornais hoje não alcançaram as agências de notícias, como a Reuters, afirmou Dan Williams. Pelo contrário, como os jornais não têm dinheiro para manter um correspondente internacional, recorrem às matérias vendidas pelas agências. A outra parte da renda vem do mercado financeiro, clientela quase certa, já que os investidores precisam constantemente de informações para realizar seu trabalho.

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