No contexto da revolução eletrônica locada no ano de 1995 com a difusão da Internet, a Web entra em cena. Uma figura que deixa de ser idealizada para ser concretizada. Um sonho antigo que vem desde as navegações de Marco Pólo no fim do século XVIII: ter o universo aos seus olhos e o contato com as mais variadas culturas do planeta.
Especialista em cibercultura e professor da Escola de Comunicação (ECO) da UFRJ, Henrique Antoun, analisa os impactos sociais e culturais que essa cultura gerou na sociedade. Na organização do livro Web 2.0: participação e vigilância na era da comunicação distribuída, obra de 2008, que concentra textos de diversos estudiosos em cibercultura que demonstram interesse de apresentar o panorama proposto por esta nova cultura que eleva a convergência midiática, que consequentemente provoca sintomas a sociedade.
As noção de comunidades ganham outro significado e se transpõe a barreira do território nacional para alcançar o cenário global propenso a compartilhar experiências em um espaço dedicado a colaboração, pluralidade e assistência. Em breve conversa, os resultados das novas tecnologias, as identidades, as redes sociais foram assuntos da entrevista com Henrique a seguir:
Vinícius Cunha: O que motivou o estudo a ser publicado no livro?
Henrique Antoun: A inspiração veio das transformações do uso da internet. A inserção dela na composição cultural das pessoas, em especial com a chamada web 2.0, com as facilidades participativas e colaborativas dos usuários. A interface da Internet propicia com que a participação da sociedade seja otimizada.
VC: Como a Web 2.0 transformou a participação do usuário?
HA: Houve uma intensificação na demanda participativa. Apenas exercer a passividade na comunicação é coisa do passado. Houve mudanças, em termos culturais, vindas do crescimento desta participação, o que contrasta com a década de 80, em que os consumidores de informação eram passivos. A Web 2.0 aparece em 1999, a partir dos blogs e de outras interfaces como redes sem fios e agregadores, modificando as ferramentas de acolhimento dos usuários na relação com as empresas. A enorme quantidade de aplicativos tornou a comunicação mais interativa, facilitando a vida do usuário a hora da expressão, seja ela concordante ou não.
VC: Como o público exerce a "vigilância participativa" por meio das redes sociais?
HA: Com o passar do tempo a ideia de "público" é deixada de lado em detrimento a figura do "usuário", cuja interferência nos caminhos culturais aprovando ou reprovando informações gera um universo comum que modifica e cria versões diferentes para assuntos e temas. Em torno dos programas que possibilitam essa interação, surge uma cultura opositora àquela anterior, que prezava pelo ideal da massa.Hoje se pode conversar sobre um cultura de participação, que marca a vontade individual de envolvimento.
VC: Como as redes de colaboração alteram o espaço de atuação da cidadania no ambiente da Web 2.0?
HA: O ativismo na Web é presente desde os anos 90 e se mostra como oposição as mídias tradicionais, cujo conteúdo está centrado em mensagens homogêneas, enquanto que as redes sociais por sua colaboração mostra uma cultura plural entre grupos fragmentados, que em conjunto engendra uma unidade na Rede.
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