quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Polêmica do Prêmio Jabuti repercute na web

Com quase 10 mil assinaturas, a campanha on line “Chico, devolve o Jabuti” intensifica a polêmica em torno dos critérios de avaliação de um dos mais importantes prêmios da literatura nacional

A briga que envolve a Companhia das Letras, o Grupo Editorial Record e a Câmara Brasileira do Livro angariou milhares de manifestações na rede. A petição on line “Chico, devolve o Jabuti” se aproxima da marca de 10 mil assinaturas. Desde que começou a circular - poucos dias após a premiação de “Leite Derramado” (Cia das Letras) e a decisão da Editora Record de não participar do prêmio em 2011 - , a petição vem sendo amplamente divulgada no blog do jornalista da Veja e também autor da Record, Reinaldo Azevedo - terceiro a assinar o documento. Em defesa do romance “Seu eu Fechar os Olhos Agora”, do jornalista Edney Silvestre, a campanha critica os critérios que geram a incongruência de hierarquia entre as categorias específicas e a premiação geral.
“Como pode o segundo lugar da subcategoria se transformar, depois, no primeiro lugar da categoria geral”?, diz o texto da petição. A discordância faz eco as palavras do presidente do grupo Editorial Record, Sérgio Machado, quando afirmou que o concurso “deveria ter o compromisso com a meritocracia”. Já Luiz Schwarcz, presidente da Companhia da Letras, contra-argumentou que a editora Record “se inscreveu no prêmio conhecendo as regras e para o qual contribuiu com seu voto”. Mas a polidez dos argumentos logo deu lugar à troca de farpas e acusações polêmicas entre os envolvidos e seus simpatizantes. Em vista dos 4 prêmios Jabuti dados a Chico Buarque e da recente derrota do romance de Edney Silvestre, a Editora Record declarou que o prêmio “favorece a característica de celebridade e acaba sendo um concurso de beleza, um voto de simpatia” e completou: esse prêmio, do jeito que está sendo disputado, poderia ser feito na plateia do Faustão ou do Silvio Santos”.
A polêmica não é de agora. Na última década, ao menos em outras duas ocasiões o vencedor de Livro do Ano também não venceu em sua categoria original. Em 2004, Chico Buarque, terceiro colocado em Romance com “Budapeste”, foi o escolhido, enquanto “Mongólia”, de Bernardo de Carvalho, havia sido o eleito pelo júri. Em seu site oficial, a CBL cita a incongruência como um “fato curioso” na história da premiação. Em 2008, a mesma coisa aconteceu: Cristovão Tezza, que arrebatou a grande maioria dos prêmios literários da época com “O Filho Eterno”, inclusive o Jabuti na categoria Romance, viu o Livro do Ano nas mãos de Ignácio de Loyola Brandão, segundo lugar na categoria infantil com “O Menino que Vendia Palavras” – “Sei Por Ouvir Dizer”, de Bartolomeu Campos de Queirós, era o primeiro.
Embora a polêmica na web tenha dado o que falar, a Câmara Brasileira
do Livro só se manifestou quanto às reivindicações oficiais da Editora Record.

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