segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Ser fotojornalista hoje

Jacob Nielsen, guru da web, publicou mais um estudo que tem tudo para virar lei: a foto na internet tem que ter um propósito, um significado. Fotos meramente ilustrativas não captam a atenção do leitor, logo, podem ser descartadas. Levando em consideração esse pensamento, é possível traçar um paralelo com o que aconteceu nas redações brasileiras na década de 50.
O jornalismo até a reforma iniciada pelo Diário Carioca tinha algumas características similares ao jornalismo para a internet de hoje. Havia uma enorme quantidade de informação nos impressos, só que de uma maneira bastante desorganizada, não-padronizada o que confundia o leitor. As fotos não possuíam significado, era quase que ‘jogadas’ nas páginas, somente para ilustrar.
Com a reforma, a foto passou a ter um significado, dividindo igualmente a responsabilidade de informar o leitor. A profissão do fotojornalista passou a ser valorizada, com Samuel Wainer e a “Última Hora”, fotógrafos e jornalistas passaram a formar duplas inseparáveis e indispensáveis para a transmissão da notícia. Essa tendência foi seguida por todos os jornais de grande peso da época, trazendo um status para o fotógrafo.
Se a lógica do paralelo fosse seguida, com a determinação de Nielsen, o fotojornalista para a web passaria a ser mais valorizado e recompensado. No entanto, não é isso que está acontecendo. A pesquisadora e professora da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Cristiane Costa fala um pouco sobre essa mudança:

Como dito pela Cristiane, ao contrário do que aconteceu no passado, hoje o fotojornalista é quase uma figura inexistente. Principalmente pelo desenvolvimento das tecnologias, qualquer pessoa pode mandar fotos e participar da construção da notícia, o que é o máximo para quem envia, mas perigoso para os profissionais que estão sendo substituídos.
                Talvez com a declaração de Nielsen, a necessidade de qualidade, de um “pensar” na fotografia para a web faça com que esse quadro se modifique. Porém, por enquanto, o jornalista tem que assumir 1001 utilidades, acabando pouco a pouco com o fotojornalista por excelência.  

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